quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Em paz (soneto)

Antes de buscar felicidade,
A Deus busque na sinceridade.
Se contra Deus a pressa embaraça,
O contento adiar verá e a graça.

Antes de a outrem pedir conselho,
Ou à ciência, ou a si, ou à praça,
Procure deixar-se de joelho,
Pra alegria ter que o satisfaça.

De que adianta do povo o pejo,
Que de ser diferente traspassa
Cru o coração em vã trapaça?

Má sorte de quem vê-se no espelho
A estar só consigo satisfeito
Vero acaba da terra sujeito.


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Publicado no Facebook em 26/01/2015

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Malícia, ou: sem graça

A meditação sobre situações singulares, carregadas de significado e importância, nos enleva para o sentido superior da vida. Somos arrebatados do ordinário e cotidiano e temos um lampejo de eternidade. Podem ser situações onde nos deparamos com uma injustiça ou com uma beleza inesperada.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Mérito

Mais vale ter pecado muito e sentir a consistência da própria fraqueza do que o pretenso orgulho de quem por ventura queira dizer: "esses erros eu nunca cometi".

sábado, 28 de novembro de 2015

Rosário - Nossa Senhora e os Mistérios Gozosos

Nossa Senhora de Paris
Queria compartilhar algumas reflexões a mais em cima da meditação do Rosário que faz o S. Luís Maria Grignion de Montfort, santo que nos disponibilizou a suave receita de como se entregar à Nossa Senhora a serviço de seu filho, através do Tratado da Verdadeira Devoção à Nossa Senhora. Recomenda-se rezar o terço todos os dias e em cada mistério podemos meditar, cada vez com mais intensidade, aspectos profundos de nossa vida. Neste artigo, vou falar das meditações do 1º Terço (central naquela devoção), acompanhando a meditação deste santo ao rezar o Rosário, que começa como se segue.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Matéria e forma: questões ociosas ou necessárias?

Leio um livro, assisto uma série, converso com os amigos, estou em um evento social. Em muitos casos como esses há várias coisas implícitas, pressupostos em cima dos raciocínios, subtilezas escondidas no simbolismo do ambiente, malícias visando intenções inconfessas, etiqueta com valores sociais subentendidos. Muitas pessoas consideram ocioso discutir coisas que antecedem o relacionamento direto entre as pessoas, os fatores que preparam a arena ou palco da vida (ou encenação) diária.

As ações de nossa vida, ao direcionarmos o nosso destino, são a finalidade. Mas o ambiente gera condicionantes e esses condicionantes são preparados para facilitar certas finalidades: a moral social, os costumes familiares, as sequências dos eventos históricos, um pequeno negócio que me beneficiará amanhã ou me influenciará por toda minha vida. Assim como um pingo de aquarela derrubado no papel, a finalidade é um ponto que se espalha concentricamente e alinha o que está ao redor. Quando não enxergamos o centro, o que está ao redor indica ou influencia a convergência para o centro.

Por isso aqui vamos estudar assuntos ociosos, mas que devem ser refletidos e têm implicações bastante concretas na vida.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Confissão

Qual é o bem ou qual a vantagem de se colocar transparente? Se confesso a minha fé ou os meus pecados, ganho algo. O comum é esconder-se de tocaia, pra pegar os outros desprevenidos e aproveitar as chances.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Retorno à Religião

Exercitando dons proféticos, vou compartilhar uma opinião um pouco bizarra para muitos.

Acompanhando um pouco o pensamento brasileiro, principalmente o que está em voga (distribuído "gratuitamente pela mídia e pela educação), nada por aqui tem de muito original. O Brasil vem há muito tempo na periferia do pensamento e tudo o que se fala aqui é repetição papagaiesca do que vem de bandeja de fora. Um exemplo, é o supra sumo da filosofia do Brasil, o departamento de filosofia da USP, o departamento francês ultramar, que nunca produziu filosofia.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Combinação

Sempre tenho martelado isso em minhas conversas particulares, que é a maneira de como as coisas devem necessariamente combinar entre si. Não que normalmente as coisas não combinem, mas é com relação ao fato de as pessoas não atentarem que as coisas combinam. O que seria isso?

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Verdade

De que se trata uma verdade? A verdade só pode ser um atributo de uma proposição, de uma comunicação, de uma representação. Pois a realidade por si só é verdadeira e singela. Quando a narramos, introduzimos a nossa perspectiva, a nossa riqueza em pensamentos e linguagem, a nossa clareza de raciocínio, e a nossa índole (o desejo de fidelidade à realidade). A verdade trata de quão próximo está a imagem daquilo que não podemos ver diretamente.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Mea culpa

Seja um esposo infiel, seja uma amigo que faltou com outro, seja um erro socialmente reprovável, seja uma traição à pátria, seja uma mácula que a consciência enxergou perante Deus. Em tudo aí há duas partes, a ofensora e a ofendida. A igualdade entre os homens, por consequência a civilidade, implica que de cada um é esperado algo, muitas vezes dentro de uma convenção social. Ainda mais quando esse algo for uma promessa.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sede de casa (soneto)

Como provar o mais sublime,
buscar aquilo que me anime?
Por criação estava contente,
mas diz "esses prazeres tente".

A conhecer eu me perdia
o mundo, a ser por vária via
entre mil mais: só a ambular,
nunca ledo, cheio... e meu lar?

Letícia, não sejas aquilo!
Requiem, lux... agora entendo.
Sê do vero, bom e belo amigo.

Tudo antes, eu depois senhor.
A todos volto, então me vendo:
pobre na mão do meu Senhor.


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Postado no facebook em 01/12/2013

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O belo

Ao fazer um gesto, a pessoa torna real sua vontade. Dentro de um potencial infinito de ações, o homem pode fazer só uma coisa num determinado instante. Inevitavelmente ele faz o melhor disponível, de acordo com o julgamento próprio. Isso implica em que há uma hierarquia de valores implícita em cada movimento. A mente humana, superior a qualquer computador existente ou futuro, é capaz desse julgamento imediato. Interessante é que a maior parte das nossas decisões é inconsciente. Mesmo que seja consciente, muitas vezes não sabemos traduzir ou explicar objetivamente o porquê de um ato. Inexplicavelmente ele nos parece certo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A força do perdão

PREFÁCIO: lampejo após sofrimento, confissão, perdão e graça.

Quando perdoamos, a nossa memória começa a ficar turva e o fato passado vai desaparecendo até que não conseguimos mais nos lembrar dele. Daí aquela vinculação, compromisso e peso devido a imagens passadas vai se desvanecendo a ponto da linha de fatos que nos prendem se perder. Uma mente exercitada nisso varre as experiências sem sentido e se abraça às belas imagens universais, a vida passa a ter um caráter menos sequencial e passageiro e mais eterno e universal, a as imagens já não precisam da lógica da sequência, mas são como que quadros estáticos que fazem sentido total e reúnem passado e futuro de uma vez.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Consumo

Temos uma imagem dele marcada pelo ato da compra, como se a mágica de ter preenchesse o nosso ser de felicidade. Orbita um tanto ao redor da gula, ao impor uma necessidade insaciável de algo, mas também um pouco na avareza, pois o dinheiro é o lubrificante dos vícios. Esse consumo insaciável pode ser simbolizado como a mãe de nossas necessidades, a água (Jo 4, 10), mas a insaciedade atravessa vários casos desapercebidos.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Posição do religioso

Quero falar sobre a imagem que se tem do religioso e da sua prática. Vejo propagandas que desaprovam o ato religioso, como se fosse fruto da escravidão psicológica que os sacerdotes impõem; como se o essencial fosse ser espiritualizado, sem se atrelar a um culto, a uma instituição. Outros relegam a atividade religiosa para a vida particular da pessoa, de forma que surgem os religiosos de domingo, que seguem uma vida independente durante a semana.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Ciência: muito a transcende

A ciência é um modelo, logo deve aderir à realidade. No entanto não é a própria realidade, pois por meio de recortes o intelecto separa aquilo que quer ver da realidade e cria pra si uma imagem, podendo ser mais ou menos abstrata (ou seja, sendo mais universal na mesma medida que releva os fatos acidentais). A conclusão que chego é que toda ciência, seja básica ou aplicada, tem função utilitária.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Oferta

Ás vezes leio coisas de outros ou mesmo reparo nas minhas mesmo com relação ao insucesso e insatisfação. Há como estar sempre otimista quando as coisas parecem que vão mal: levar bordoadas e não ter o ânimo afetado. Como se fosse um estado de espírito constante de serenidade.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Gratuidade

Toda existência não tem em nós mesmos sua causa, portanto é um presente. E, como tudo que é fato, tem uma origem e a ela devemos estar gratos. Mesmo quando o homem decidiu por rebelar-se, ainda assim Deus lembrou-se dele e, num ato de amizade, salvou-o de sua própria soberba. Com a corrupção do mundo, surgem os fatos cruentos, a violência, a mentira... mas repetindo os sacrifícios sangrentos (feitos com animais para acalmar os falsos deuses), Deus entregou-se a si mesmo como o ato perfeito de caridade. Não uma caridade simples - como uma mera declaração "como eu te amo!" ou a entrega de um dinheirinho -, mas por fatos e obras não poupou a si mesmo no momento em que amou mais uma vez o homem. Ele o caminho, a verdade, a vida. Ele que é sacrifício e sacerdote universal, rei e servo... mistério da fé.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Futebol



A cada momento em que eu penso a alegria de me alienar do futebol e vejo a imbecilidade geral eu vejo que larguei o zoológico, abria a jaula e tranquei os outros lá dentro. Troço feio, chato e imbecil. Futebol só serve quando se joga. Assistir futebol é um hábito depressivo, que só chega no estado da arte quando se torce como um imbecil.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Autonomia, modismo e equilíbrio

Por autonomia se entende "lei dentro de si". Capacidade de quem contém em si tudo aquilo que o determina, que o move, que o define. Num sentido corriqueiro, usam-na pra falar de fim de uma dependência. Eu posso abrir uma empresa e não ter chefe. Posso ganhar meu dinheiro por fruto de meus méritos e gastá-lo como quiser.