quarta-feira, 17 de junho de 2015

Oferta

Ás vezes leio coisas de outros ou mesmo reparo nas minhas mesmo com relação ao insucesso e insatisfação. Há como estar sempre otimista quando as coisas parecem que vão mal: levar bordoadas e não ter o ânimo afetado. Como se fosse um estado de espírito constante de serenidade.


Mas pode ser que as bordoadas sejam tantas que testem demais a paciência. Daí lembro de um conselho que faz a pessoa ser praticamente inatingível: oferecer a Deus não só suas orações, mas também seus sofrimentos.Os povos antigos sempre fizeram oferendas aos deuses, mas elas variavam de acordo com o deus e a importância: sacrifício de animais, sacrifícios humanos, sacrifícios de filhos, orgias etc. Mas o Deus único e verdadeiro ensinou a oferta definitiva: a de si mesmo.

Nenhum trabalho tem mais valor e nada demonstra mais o amor que estar disposto a entregar-se pelo outro e pela verdade - ante os poderosos, alguns se vendem (por dinheiro, por sobrevivência) e espalham a corrupção no mundo.O Deus verdadeiro faz o sacrifício criando valores verdadeiros: valorização da vida humana (e até da vida em geral), amor ao próximo, compaixão com os que sofrem, santificação da alma em honra a Deus (ou seja, agir para que as faculdades possam render mais frutos e não prazeres mesquinhos). Os falsos deuses pedem sangue e escravidão humanos e entregam em troca vãs glórias: dinheiro, fama, riquezas, orgulho, sucesso, inveja. E não são feitos esses sacrifícios até hoje? Quanto de sangue humano ainda é derramado? Quanto de gente escrava, que não pode levar à frente seu potencial? Isso sem falar de resquícios de seitas profanas que praticam as mesmas oferendas cruentas, sacrifícios abomináveis (para fins mais terríveis ainda), feitiçarias de todo tipo AINDA HOJE.

A vida santa não somente reza. Rezando, chama a proteção divina sempre, além de reconhecer (louvar) a superioridade da verdade. A vida santa vive santamente. Na hora de agir, faz sempre a coisa certa, não se corrompendo (corromper sempre significará vender a própria honra a preço baixo ao maligno). Nos seus hábitos, cuida de seu corpo e não cai em vícios (vício é o hábito da escravidão, uma vontade incontrolável que usa uma faculdade boa do homem para um fim mesquinho. Lembrando que o corpo é templo de Deus, onde Ele se manifesta no seu maior esplendor; o homem, imagem e semelhança de Deus, materializa as boas ações de Deus de forma suprema.

A vida santa é de oração; de bons conselhos aos que pedem; de palavras e oratória que conduzam à benevolência; de ações que sirvam de exemplo; de doação material; de doação do próprio tempo. Nesse rumo, concluímos: em tudo, trabalhamos para Deus (isso se não houvesse escravidão). Mas a escravidão e a corrupção está em nós e muitas vezes temos preguiça de quitá-las, como se consentíssemos ao diabo, como se não abríssemos mão dessas pequenas coisas ruins que nos rodeiam e se tornaram hábitos. Até que o mal se apodera de nossa vontade e nos faz escravos de coisas sem importância (vaidades), que no fim geram a morte.

Esse sentido amplo de oferta permite entender o porquê do 1º mandamento: ofertar tudo a Deus, em todas as ações. Tudo está centralizado em Deus: desde a origem, até o fim último de cada coisa. É a fonte e destino de tudo. Quando fazemos as coisas em honra a Deus, temos isso em mente, que consiste no fato de: que reconhecer nele toda fonte de riquezas (verdadeiras); que fazendo o bem apenas cumprimos o que Deus já falara; que cumprir a lei de Deus é maximizar a felicidade. Do contrário, o fruto é a dor.

Ofereça-se a vida a Deus. O resto, os outros mandamentos, são apenas consequências.

ADENDO: Para que não fique muito abstrato, darei alguns exemplos de palavras que usei.
  • Vícios: bebida alcoólica, drogas de todo o tipo, adultério, masturbação, facebook (por que não?), jogos (passa tempo), trabalho, comida, preguiça. Eu mesmo não estou isento, o que varia na insalubridade é o grau de dependência e a repetição do hábito. O vício desperdiça um potencial, desvia uma energia para um uso menos nobre e cria uma rotina não saudável.
  • Corrupção: mentir para conseguir vantagem, mentir por covardia, roubar, matar, escravizar. A corrupção mancha a alma e a deixa tão quebrada quanto uma rachadura em cerâmica, a alma pura se turva e já não é mais límpida: nem confiável, nem bonita.
  • Santidade: rezar, tomar os sacramentos (receber os dons que Deus dá), não macular a alma (com corrupções e vícios), fazer boas ações, dar bons exemplos e conselhos. Santidade é sinônimo de saúde. O ser humano com vontade mal-educada é um ser humano que se deixa escravizar e vai acabar doente e trazendo doença para os outros.
  • Sacrifícios cruentos: sacrifício de galinhas e outros animais, assassinato, genocídio. Entregando sangue, recebe-se em troca mais sangue inocente. É o ciclo vicioso da morte. Por isso que não se combate a morte com morte, mas com vida.

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Postado no facebook em 27/11/2012

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