quarta-feira, 15 de julho de 2015

Posição do religioso

Quero falar sobre a imagem que se tem do religioso e da sua prática. Vejo propagandas que desaprovam o ato religioso, como se fosse fruto da escravidão psicológica que os sacerdotes impõem; como se o essencial fosse ser espiritualizado, sem se atrelar a um culto, a uma instituição. Outros relegam a atividade religiosa para a vida particular da pessoa, de forma que surgem os religiosos de domingo, que seguem uma vida independente durante a semana.

Como ilustração que poderá ser abstraída para os casos gerais, mostro a Igreja Católica, de que eu sei falar. Ela prega várias verdades, que são aceitas pelo fiel assim como as verdades do cotidiano dos seus olhos: como os fatos que diariamente testemunhamos, experiências das quais se pode dizer "esse mundo é real". O credo católico diz "creio na Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica".

Por Igreja entende-se assembleia, não apenas uma instituição burocrática. Os que falam mal de religião, alegam que o homem deve ser livre e não associar-se a uma instituição (um mero "grêmio"). Por outro lado, o que seria a vida comunitária sem as pessoas reunidas pelo mesmo fim? Seria justamente o falso espiritualismo da pessoa consigo mesma. Mas não existe vida espiritual sem serviço ao próximo, sem a reunião dos amigos em Deus.

Por Una, complementa-se. A assembleia é unida e ao mesmo tempo única, universal (católica). Isso mostra o caráter de cosmovisão que TODA religião apresenta, mostrando que há uma verdade objetiva e não um mundo onde qualquer opção é igual.Apostólica indica que a assembleia veio depois de Cristo, seguindo fielmente suas pegadas. Cristo é o centro da unidade, os que vêm após não se desviam do centro e ministram os dons da vida, que são os sacramentos, cujo centro é o próprio Cristo: a Eucaristia.

Ao fiel deve ser permitido acreditar em todas as verdades da religião. As estruturas do mundo moderno querem apartar a crença da vida concreta, permitindo a religiosidade no particular mas não no cotidiano. Ora, toda cosmovisão é a aplicação de um princípio (no caso, a religião) em todos os fatores da vida.

Participar de uma religião não pode ser menosprezado, pois é a única forma de se agrupar pessoas em unidade clara, objetiva e inequívoca. Cada religião se reúne em seu próprio princípio, no mesmo fator de união. Os que desrespeitam a religião, desrespeitam a opinião das pessoas que acreditam nas verdades de sua religião. Ou seja, não deixa de ser um ato de intolerância. O princípio deve ser constante: dando unidade espacial e temporal à Igreja, a mesma sempre; caso contrário, nem daria pra defini-la. O cristão coloca Cristo no centro. Há nuances: o batista dá ênfase ao batismo voluntário, o católico tem o Papa, o ortodoxo a doutrina reta, o islâmico segue o profeta de Deus, o judeu pertence à raça escolhida etc.

O cristão especificamente aceita a obediência, que justamente representa o oposto da rebeldia, que vem desde o pecado original. São Francisco, na disciplina de sua ordem, impunha a obediência cega ao superior. O próprio Cristo disse para honrar as autoridades: Deus, a Igreja, os governos, os pais. Não há demérito nenhum nessa "submissão", mesmo porque a mente das pessoas sempre será livre para discernir. Pelo contrário, é mais um dos exercícios da humildade. Até a disciplina militar pode ser vista com outros olhos a partir daí.

Falei do aspecto comunitário da religião, que aponta para as infamadas instituições religiosas. Mas o religioso é o que vive sua crença, que é fiel à verdade. Daí também o aspecto de diligência, persistência, que já envolve a purificação dos vícios ao mesmo tempo que se trabalha para os outros. A própria profissão é via para a realizar a cosmovisão, o próprio corpo é o templo para o sacrifício.



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Postado no facebook em 15/10/2013

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