quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Rosário - Mistérios Dolorosos

La Pietá

Queria compartilhar algumas reflexões a mais em cima da meditação do Rosário que faz o S. Luís Maria Grignion de Montfort, santo que nos disponibilizou a suave receita de como se entregar à Nossa Senhora a serviço de seu filho, através do Tratado da Verdadeira Devoção à Nossa Senhora. Recomenda-se rezar o terço todos os dias e em cada mistério podemos meditar, cada vez com mais intensidade, aspectos profundos de nossa vida. Neste artigo, vou falar das meditações dos mistérios dolorosos, acompanhando a meditação deste santo ao rezar o Rosário, que começa como se segue.


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Uno-me a todos os santos que estão no Céu, a todos os justos que estão sobre a Terra, a todas as almas fiéis que estão neste lugar. Uno-me a Vós, meu Jesus, para louvar dignamente Vossa Santa Mãe, e louvar-Vos a Vós, nela e por Ela. Renuncio a todas as distrações que me vierem durante este Rosário, que quero recitar com modéstia, atenção e devoção, como se fosse o último da minha vida.
Nós Vos oferecemos, Trindade Santíssima, este Credo, para honrar os mistérios todos de nossa Fé; este Pater (Pai Nosso) e estas três Ave-Marias, para honrar a unidade de vossa essência e a trindade de vossas pessoas. Pedimo-Vos uma fé viva, uma esperança firme e uma caridade ardente. Assim seja.
Reza-se um CREDO, um PAI NOSSO, três AVE MARIAS e um GLÓRIA AO PAI.

Os mistérios Dolorosos dizem respeito a fatos à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e sua meditação deve carregar esse espírito. Lembremo-nos de que a Páscoa é o feriado mais importante dos Católicos, acima inclusive do Natal.

Abaixo, a meditação comentada de cada mistério, depois da qual se rezam um PAI NOSSO, dez AVE MARIAS, um GLÓRIA AO PAI, jaculatórias o gosto e também pela descida do Espírito Santo pelas graças do mistério contemplado.

Primeiro Mistério - Agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, esta primeira dezena, em honra a vossa agonia mortal no Jardim das Oliveiras; e vos pedimos, por este mistério e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a contrição de nossos pecados. Assim seja.
Jesus se afasta à noite para rezar por uma hora e pede para que os apóstolos fiquem rezando também. Ao retornar, os encontra a dormir. Muitos de nós não são capazes de rezar uma hora por dia para que Deus preencha suas vidas.

Enquanto isso, Jesus se agoniava, suava sangue, vivia em sua pele o sofrimento de cada um de nossos pecados, à uma, de todas as pessoas, em todos os momentos de sua vida, em todas as épocas da humanidade. A alma humana, sendo um mistério para os homens, é algo claro para Deus, que é intemporal. Ao agonizar em sangue, Jesus sente o peso que cada um sente de suas más inclinações e a vida na terra é vista como um vale de lágrimas, que apriosiona o nosso sangue dentro de um corpo que seduz a pecar.

Por isso é o momento pra refletirmos as nossas mazelas, pedirmos pra Deus nos revelar aquilo que é obvio em nós, mas não enxergamos. O pecado não é uma mera regrinha, mas ao nos promos ao serviço dele, nos escravizamos, nos adoecemos e ofendemos a Deus, que nos fez para imitá-lo. O sour de sangue é a soma de todos esses sofrimentos em concreto. Mas nós individualmente devemos sofrê-los, perscrutar o tanto que nossas vontades são mesquinhas, todos nós, a todo momento. E pisar o nosso orgulho que diz "não, mas algumas delas são importante por mais da conta!"

Segundo Mistério - Flagelação de Jesus

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, esta segunda dezena, em honra a vossa sangrenta flagelação; e vos pedimos, por este mistério e pela intercessão de vossa Mãe santíssima, a mortificação de nossos sentidos. Assim seja.
Na contrição dos nossos pecados, somos nós nos forçando a enxergar o pecado em nós, pois no ordinário, o nosso orgulho ensina que não temos nenhum problema e que a vida segue normal, até seu fim inevitável. Nós bem vemos que não é bem assim e que nossos defeitos tendem ao infinito. Ao enxergarmos esse abismo e quases cairmos em desespero -- eis a verdadeira contrição -- nos fazemos um propósito de seguir a frente nessa purificação.

No entanto, o (príncipe deste) mundo vai nos lembrar e perguntar: "será mesmo?", "você acha que se libertou, mas você se deleita muito com isso, espera aí!, você se esqueceu de como isso era tão bom", "você acha que se libertou, mas você apenas jogou isso para o subconsciente, pois você não é nada mais que seus desejos, você é do mundo, você é meu".

O demônio vai nos flagelar com todos os sete pecados capitais: "como é saboroso ser reconhecido!"; "quando eu vejo isso, parece que não há fim o meu desejo de consumir"; "por que não tenho essa casa, esse carro, essa viagem que ele tem?"; "pra que sair do conforto e incomodar tanto sendo diferente, movendo as coisas que já estão tão bem assim?"; "como posso deixar passar em branco essa injustiça, se esse cara merece punição severa?"; "afinal, olhar não tira pedaço"; "eu sei que ele precisa de ajuda agora, mas eu preciso ajuntar esforços pois me coloquei agora uma meta muito importante".

Ele vai oferecer a vaidade, a gula, a inveja, a preguiça, a ira, a luxúria e a avareza. A mensagem é simples: "eu sou muito importante e pouco importa a vontade de Deus para agora, para meu auto-controle, para o bem da comunidade". E nó fundo da sua alma ele soprará a mensagem do escrúpulo: "você não é perfeito, você não consegue ser 100%, você sempre é essa mesquinharia, você é indigno dos mistérios da Igreja". Em certo sentido ele está certo. Mas é a última armadilha do orgulho: que sou eu que vou me esforçar e fazer por merecer. Não! É Jesus a pegando em nossa mão e nos conduzindo até sua morada, por seus méritos. Mas é preciso aceitar o convite para a festa.

Terceiro Mistério - A coroação de Jesus com espinhos

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, esta terceira dezena, em honra de vossa coroação de espinhos; e vos pedimos por este mistério e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, o desprezo do mundo. Assim seja. 
O mundo despeza e odeia os cristãos, mas dissimula isso com o mais fingido dos respeitos civilizados. Não nos enganemos, não haverá paz entre a lógica do mundo e a lógica de Deus, entre os filhos da Sepente e os filhos de Maria, pelo menos enquanto Deus não vier e destronar o príncipe deste mundo e mandar para o lugar reservado para o seu reino.

Antes havíamos nos contristado e recebemos flagelações do pecado. Mas agora a nossa convivência social já não é a mesma. Experimentamos um pouco de solidão e distanciamento. O mundo prefere e acha mais normal que sejamos passivos na frente de uma televisão ou jornal do que nos esforcemos num esforço ascético, para ele vão. Somos recebidos cada vez mais com reticências. Só nos recebem bem aquelas pessoas de firme propósto. Aqueles que gostam de negociar com todos nos taxarão de intolerantes.

Para nós ficará só o sentimento da distância. É a mensagem do mundo: "você insistiu nessa de abrir mão de minhas riquezas, mas são apenas essas as negociadas avidamente aqui. " Sim, agora somos pobres diante de Deus. Inclusive pobres de espírito, não querendo mais dizer o que é certo para nós (por ideologias ou filosofias), mas esperando os conselhos do Espírito e nos submetendo à palavra de Deus, viva na Comunhão.

Quarto Mistério - A Via Sacra

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, esta quarta dezena, em honra do carregamento da Cruz; e vos pedimos, por este mistério e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a paciência em todas as nossas cruzes. Assim seja.

Os três mistérios anteriores são em certo sentido, em nossa alma, sequenciais, mas em outro são recursivos, pois o mundo nos seduzirá até o fim, com os mais astutos artifícios, explorando aquelas partes sombrias de nossa alma que Deus ainda não nos revelou para a purificarmos. Entretanto, aqui devemos oferecer a mesma certeza em nossos passos que a de Jesus no seu caminho da cruz, da morte para esse mundo. Ninguém têm resolução maior do que o cristão verdadeiro.

Por isso que as ideologias odeiam o cristianismo, pois impede de acender incenso para outros deuses. Na verdade, se disfarçando pelos mil própósitos, um "mais justo do que o outro", o único fim das ideologias é lutar contra o cristianismo. É a conhecida revolução, da ordem e das paixões, do macro e do microcosmo, da sociedade e da alma.

É saber pra onde vamos e pelo que passaremos, embora não saibamos os detalhes do trajeto, nem o que vamos contemplar ao final. E ter o propósito de não mudar de rumo, por mais longo e desesperador que pareça, por maior a humilhação, por mais que haja muitas quedas ou ingratidão.

Quinto Mistério - Morte de Jesus na Cruz

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, esta quinta dezena, em honra a vossa crucificação e morte ignominiosa sobre o calvário; e vos pedimos por este mistério e pela intercessão de vossa Mãe Santíssima, a conversão dos pecadores, a perseverança dos justos e o alívio das almas do purgatório. Assim seja.
Num primeiro plano se vislumbra a morte física, deixando esse mundo de imperfeições. Num segundo plano, a morte para o mundo de ter o propósito feito até as últimas consequências. Cada circunstância em que o mundo oferece suas delícias e somente olhamos para as delícias de Deus: cada um desses instantes é uma morte, uma prefiguração, que vai mortificando a alma naquilo em que é morte e a preenche daquilo que é vida. Desterrando o mundo (e seu príncipe) de nossa alma. É um aperitivo, um antegosto, do paraíso.

Isso revela a eternidade dos desígnios de Deus para nós, resultando tudo inevitável para aquelas vontades que escolhem entre as duas vias. Ou seja, a verdade nua e crua, da guerra permanente, tanto em âmbito íntimo da alma quanto em âmbito da ordem social. É a Igreja militante, criando espaço para Deus na alma e no mundo, lutando por território, palmo a palmo, sem trégua, em todos os minutos da vida e da história.

E o último teste é o mais atroz. No início da vida pública de Jesus, o demônio fez Jesus duvidar de que era Deus e agora Jesus se sende abandonado por Deus. Tudo parece sem sentido, parece-se ter entregue a vida sem nenhum fim, todo esforço parece ter sido em vão. Pra que tudo isso? Eis a postura dos ateus e agnósticos: na morte tudo acaba. E Deus vai testar a nossa fidelidade até o fim: ele nos quer fiéis, mesmo que não o tenhamos mais em vista. Como se testasse nossa fidelidade em seguir suas leis, mesmo que não houvesse o prêmio de contemplar a Deus no final. Ser fiel às suas leis já deve ser é um tanto doce por si mesmo.

E Jesus nos paga aquilo que só ele tem poder para pagar: o preço pela nossa liberdade. No sangue e água derramados na terra há a fecundação de novos Cristos, morando no coração de cada cristão. Aquele abandono na cruz opera o mairo dos milagres: faz brotar na dureza e frieza de nossos corações aquela chama de Jesus. Como se do nada, nessa nossa hesitante vagueação pelo mundo, duvidando e fraquejando na fé, o nosso desejo de ter o Deus que nunca vimos se acendesse ex nihilo. Essa chama, Cristo em nós, isso sim é nossa maior riqueza.

Encerramento

Reza-se um INFINITAS GRAÇAS e um SALVE RAINHA.
Eu vos saúdo, Maria, Filha bem-amada do eterno Pai, Mãe admirável do Filho, Esposa mui fiel do Espírito Santo, templo augusto da santíssima trindade; eu vos saúdo soberana Princesa, a quem tudo está submisso no céu e na terra; eu vos saúdo, seguro refúgio dos pecadores, nossa Senhora da Misericórdia, que jamais repeliste pessoa alguma. Pecador que sou, me prostro aos vossos pés, e vos peço de me obter de Jesus, vosso amado filho, a contrição e o perdão de todos os meus pecados, e a divina sabedoria. Eu me consagro todo a vós, com tudo o que possuo. Eu vos tomo, hoje, por minha Mãe e Senhora. Tratai-me, pois, como o ultimo de vossos filhos e o mais obediente de vossos escravos. Atendei, minha Princesa, atendei aos suspiros de um coração que seja amar-vos e servi-vos fielmente. Que ninguém diga que, entre todos que a vós recorreram, seja eu o primeiro desamparado. Ó minha esperança, Ó minha vida, Ó minha fiel e imaculada Virgem Maria defendei-me, nutri-me, escutai-me, instruí-me, salvai-me. Assim seja. Em Nome do Pai, (+) do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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