segunda-feira, 13 de junho de 2016

Pecadores e o Espírito Santo

Não há um bem sequer que façamos que não tenha sua origem no Espírito Santo. Dito de outro modo, se há algo de bom que fazemos, posso ter certeza que procede do Espírito Santo.



É o Espírito Santo que nos aparece e que dá o discernimento para aderirmos à Igreja. Se a Igreja é o reflexo terreno de Jesus Cristo misticamente, ao viver o evangelho me torno Igreja. Mas os frutos ocorrem de acordo com a fé. Será que eu faço o irmão ver o reflexo do Cristo em mim?

Que obra tão boa o mesmo Espírito Santo pode fazer numa pessoa? Peguemos logo a maior medida. Jesus disse que a fé do tamanho de um grão de mostarda moveria montanhas. O mesmo Espírito Santo, disponível para mim e para você, serviu como semente hiper fecunda para a promessa do anjo Gabriel:a confiança maior que o mundo foi capaz de gerar o próprio Deus, na sua face redentora. Quão poucos frutos eu tenho gerado!

Como diz São João Crisóstomo em sua Divina Liturgia, todo dom excelente e toda dádiva perfeita vem do alto. Afinal, só Deus é bom. Nós fazemos por ordinário várias coisas boas, mas ditas boas só por analogia com Deus, o sumo bem. O bom sem Deus é o nosso instinto em seguir a lei natural, tal como animais. Mas se façi mais que isso, já não sou eu, mas um pouquinho de Deus que se manifesta.

É neste sentido somente que a Igreja diz sermos pecadores. Não tem a ver com o cinismo de acreditar que eu não consigo viver sem os pecados protuberantes, exagerados e desprezíveis. Como se fosse desejável transigir com pequenas transgressões, desde que não se perca a fé. Ora, isso é uma falácia: a fé também é fidelidade, agir como se a lei de Deus fosse o manjar mais gostoso à vista. Se não me apetece, é porque eu tenho um mal gosto de um bruto.

Então, quando a Igreja no relembra sermos pecadores indignos de receber Jesus Cristo em nossa morada, como disse o centurião romano, não se trata de cinismo e acomodação com o pecado. Se trata do reconhecimento de que tudo o que há de verdadeiramente bom em mim não sou eu, mas o Espírito Santo em mim.

É uma boa rememoração para a nossa humildade, que sempre deve tender ao infinito. Se Deus nos dá tudo, o máximo que lhe podemos devotar de nosso é a nossa miséria e incapacidade, nossos mal feitos, nossas malícias, nossa inveja da graça que repousa no outro, nossa impureza no olhar. Pois tudo o que há de bom em nós já veio de Deus, mas até isso devemos oferecer de volta.

A melhor forma de oferecermos nossa miséria é a confissão. Nela entregamos os fatos da nossa vida, para que Deus mesmo dê um jeito, porque nós mesmos parecemos vinculados e identificados a determinadas condutas. Mas o pecado não sou eu. Deus me deu essa opção de simplesmente confiar infinitamente na sua capacidade misericordiosa em dizer: eu resolvo isso.

A outra opção é eu duvidar que Deus tem essa capacidade e me identificar com o pecado dizendo: "isto sou eu, não adianta, sou irreformável, não há como, o mundo está arranjado a não permitir mais a volta". De fato, à lógica humana pode de fato ser impossível. Mas o impossível é o atributo de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário