segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Homossexualismo e demais condutas

Gostaria de dar uma curta visão do meu pensamento sobre esse assunto, tão em voga. Hoje as pessoas têm discutido bastante o assunto, sendo motivo de discussões acaloradas do mesmo nível das discussões políticas ou futebolísticas (principalmente se for o Corinthians ou Flamengo). E, como sempre, eu sinto a polarização da sociedade entre os retrógrados. Isso tem a ver com a minha primeira postagem. Muitas vezes vejo gente tentando ganhar no grito. Me vem a imagem dos atores que defendem a liberalização da maconha dizendo "já está na hora de discutirmos essa questão" - nesse caso, o "discutir" significa que os retrógrados têm de reconhecer que os modernos têm razão.


Serei estritamente parcial, mas claro. A conduta homossexual é condenada pelas religiões e inclusive para alguns que argumentam de acordo coma natureza (embora outros usem contra-exemplos da natureza também). Isso tudo pertence à esfera dos valores (pretendo escrever uma postagem só sobre valores) e os valores vão determinar as escolhas concretas dos indivíduos, que são as únicas coisas que existem - as idéias em voga numa sociedade não são mais do que sujeitos as praticando (elas não têm uma existência material).

Há pessoas que escolhem seguir determinadas religiões. Há aquelas que pegam só o que há de melhor em cada uma. Há os céticos completos (esses são poucos e niilistas). Há os céticos parciais, que se acham completamente céticos, mas ainda têm sua religiosidade embasada no "Deus ciência" ou noutro similar. Há os que estão abertos à doutrina que convencer melhor a sua razão, seu juiz universal. Há os materialistas convictos que defendem a imposição de suas idéias, já que a seleção natural não é da escolha do mais verdadeiro, mas do mais forte (o materialismo implica na ausência de valores).

Dados exemplos de visões, temos que as pessoas conduzem suas vidas de forma a não contradizerem a si próprias. Muito se fala em democracia ou em diversos valores políticos, em liberdade etc. Sem discutí-los, quero notar que muitos têm acusado a mera expressão contra o homossexualismo como algo homofóbico. É como se se dissesse algo contra essa conduta fosse incitar ao ódio. O PLC 122 não me deixar mentir, pois condena "qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica", como nos diz o jurista Paulo Medeiros Krause.

E ao invés de vermos os raivosos evangélicos e católicos, o que vemos é o contrário: o mero fato de não concordarem com o PLC 122 já suscita uma violência verbal sem precedentes. Vejam o que a mera discórdia fez nesses vídeos.



E ainda há esses vídeos com discussões sobre o assunto:



Como católico, vou defender  essa visão específica, o que não impede a liberdade de consciência de todos. O catolicismo apresenta uma lista diversa de pecados e de determinações sobre o comportamento das pessoas. Isso vai desde o padre não poder casar até a não recomendação do uso da camisinha. Entra nesse debate também a questão de se há hierarquia entre os pecados. Já adianto que não falo em nome da Igreja, mas em meu mesmo (como alguém que quer se aproximar), pois eu sou leigo. Independente do grau de importância, ou do porquê, a Igreja condena o homossexualismo.

Eu queria, primeiro, falar como eu considero a questão dos pecados, que é uma espécie do gênero dos dogmas em geral, embora não numa definição precisa. O cristianismo tem o foco em Cristo, que a fé diz ser a encarnação de Deus para salvar os homens do fato de o pecado ter entrado no mundo e o homem, por si só, não poder com suas próprias forças e essência conseguir essa religação. Por um pecado, conheceu-se o bem e o mal. E é um conhecimento total, igual a conhecer uma mulher, em que se vive as diversas formas múltiplas do pecado. Nesse sentido, há lógica em dizer que não há hierarquia entre pecados, pois todos demonstram um desrespeito, uma falta de temor a Deus; e o maior tesouro para o cristão é a fé, não no sentido somente de crença, mas de confiança, de fidelidade (notem os radicais dessas palavras, já que fé vem de fido).

Entretanto, a cada escolha, uma pessoa escolhe uma coisa em detrimento do resto. A própria razão (como vemos no método científico), precisa fragmentar, excluir, abstrair para entender: não somos igual a Deus, que conhece tudo imediatamente (imediato é aquilo que não tem mediação). Para isso, temos a hierarquia, pois fazemos uma coisa antes da outra; uma pessoa tem uma função, que pressupõe a decisão de outra pessoa em outra função (hierarquicamente superior) etc. Assim, no nosso dia a dia, achamos pior alguém ser estuprado do que o cara que comeu mais alface na semana santa. Nós estabelecemos uma escala das coisas piores e das menos piores. Então, no meu ver, haveria duas perspectivas em relação ao pecado: uma de Deus que tudo vê e conhece na eternidade e outra dos homens que tomam decisões cotidianas nesse mundo de eventos contingentes e passageiros.

Então, vou comentar o homossexualismo tendo essa perspectiva de fundo, mas qualquer pecado poderia seguir a mesma linha de raciocínio. Na visão católica, cada coisa tem sua origem (natureza) e fim. A finalidade é o seu porquê, o motivo da existência, em que cada ser colabora para si e para o mundo (já que todas as coisas estão ligadas num fim conjunto, o universo tem um fim). O ser pode ser vários conjuntos desde a folha, passando pela árvore ou até chegando na floresta. O homem tem uma posição singular de semelhança com Deus, ele é o senhor de seus atos, ele mantém um pouco da liberdade total em suas ações - ele não é totalmente livre, pois a matéria o restringe, a vida tem seu ciclo, ele tem necessidades fisiológicas etc. E o homem pode ser dirigir a Deus buscando a sua maior faculdade, o amor - mas há uma amor num sentido superior, que não é o erótico, nem o de amizade, mas da caridade (de caritas, a entrega total de si).

E o homem pode demonstrar seu amor de várias formas: na natureza nos arredores, na sociedade em que vive ou na família que está. E uma forma muito singular de amar é na reprodução, pois assim um homem permite que o outro faça o mesmo: seja livre, possa existir e ame também. Há uma prorrogação da criação divina, continuada pelo homem (crescei e multiplicai). O homem concebe, dá amparo, dá sustento, até que um novo ser chegue à idade adulta. Fazemos a criação (à semelhança de Deus), mas numa escala infinitamente modesta. Mas o carinho, a caridade está lá. Por isso é que a Igreja Católica dá tanto valor ao sentido sagrado do sexo (que não deve apresentar o seu aspecto de paixão dos sentidos, o erótico), ao valor dos embriões, à negação do aborto.

Mantém-se o sentido do sagrado em qualquer ação humana, cada ação com seu fim. Qualquer desvio da função, sendo aproveitado para outra finalidade é a definição de corrupção. Claro que não devemos ser tão rígidos. Nessas horas devemos nos lembrar que o mal se traveste de bem e que o bem purifica e permeia o mal, que as ações humanas estão permeadas simultaneamente de mal e bem, que não é fácil distinguí-los na realidade. Muitas vezes uma pessoa se dispõe a uma ação que à primeira é imoral, mas que pode ser uma evolução no seu comportamento, pois sua educação e seu meio pode ter sido repleto das maiores violência (no sentido de violar a pureza). As pessoas, às vezes, estão enclausuradas pelas situações, forçadas ou escravizadas a agir de alguma forma. Pois cada corrupção escraviza mais o ser humano, pois dá espaço ao vício (que vicia!), à malícia. Quanto maiores os elos que prendem as pessoas aos seus atos iníquos, mais difícil é para a pessoa buscar a pureza de alma. 

O que falar da pessoa que cai no caminho das drogas, daquela que tem tara sexual por crianças, daquela que está imersa nos laços da corrupção política, daquela que se humilhou na prostituição (e, por isso, tem uma repulsa social), daquele que rouba para comer? Cada um tem seus motivos para agir da forma que age e isso pode ser a contragosto. O pior é quando se deleita nessas situações, aí não tem jeito, porque é fruto de uma escolha premeditada pela malícia. Mas até essa última pode ser considerada fruto da ignorância, pois aquele que conhece verdadeiramente o bem, não se afastaria dele por qualquer opção que fosse.

Portanto, a postura com o homossexual é a mesma com relação a qualquer um que cometa esses pecados: há lá uma pessoa, que pode estar passando por dificuldades e que merece o nosso auxílio, caso deseje isso. Não se pode negar nada a quem pede. Mas o primeiro passo é o arrependimento verdadeiro, fruto da iniciativa livre da vontade do sujeito. Sem o arrependimento, o que se tem é hipocrisia. Isso para as pessoas que reconhecem os valores cristãos (o que acho que acontece com todas as religiões, principalmente nesse assunto).

Por fim, quero comentar uma última coisa. Há também aqueles que insistem na legitimidade da postura homossexual, a ponto de defender a conduta pareando com outras condutas tidas como lícitas e normais. E mais, há os que querem equiparar uma relação homossexual à heterossexual. Vou comentar este ponto e depois aquele. No sentido erótico, homossexualismo e heterossexualismo se equiparam, pois aí considera-se apenas a satisfações de paixões (sendo que uma delas é desviada para outro fim). Porém, no sentido da caridade, eles não se equiparam, pois a natureza da espécie prevê a relação heterossexual para perpetração da espécie. Na relação entre homem e mulher, há muito mais do que desejo. Há a continuidade da criação, novos homens são gerados, há uma relação de família por detrás, há o dualismo dos papéis de homem e de mulher (o que pode ser assunto de uma postagem inteira) - o homem com a postura agressiva, da busca do sustento, da defesa de agressões, da solidez da casa e a mulher mais passiva, com o afeto, o cuidado com a  prole etc. Equiparar as duas coisas é negligenciar tudo isso. E é mais. Pois é a afirmação da malícia, o rebaixamento daquilo que é sagrado (pois equiparar homossexualismo e heterossexualismo e rebaixar o último), é ação persistente do mal.

Aí entro no segundo ponto, da ação do mal (o que também pode render postagem à parte). O mal é algo presente no mundo, vemos pessoas que o disseminam (o que na visão cristã é explicado pela ignorância, afastamento da verdade, escravidão) concretamente. Esse é o caso que muitos têm comentado recentemente. Trago à tona alguns artigos de Olavo de Carvalho, que tem discutido muito sobre assuntos nesse sentido. Os seus textos "A nova era e a revolução cultural" e "O jardim das aflições" atestam muito sobre o avanço das idéias que querem tomar espaço no cenário dos valores sociais, substituindo-os por outros que vão em direção oposta à liberdade. Nos seus artigos "A demolição das consciências", "Educando para a boiolice", "Conspiração de iniqüidades" e "Armas da liberdade" há comentários que ilustram todo esse contexto. Basicamente, o argumento básico é que os movimentos revolucionários, derrotados militarmente no passado, se revestiram de novas facetas para conseguir, por outros meios, a detenção do poder. Se a via armada falhara, então eles buscaram a corrupção dos valores como principal método contra a oposição mais sólida: as religiões.

Para sustentar a dignidade da postura homossexual (principalmente evitando/calando qualquer crítica), alguns argumentam não ser uma conduta, mas algo da essência (essência no materialismo significa genética). Aí, por analogia, não se poderia criticar o homossexualismo, assim como o fato de a pessoa ser negra. Uma postura isenta diria: "ora, não se pode provar ainda que seja ou não genético". Mas eu não me conformo e tenho uma posição. Explico com um exemplo hipotético. Imaginem no pré-natal o médico chega pra mãe e diz: "vai ser gay com órgãos de homem". A mãe, compreensiva, dá-lhe o tratamento devido, uma educação exemplar de gay (aí precisa se dirigir seu filho a Campinas, onde o pessoal é mais entendido). O filho cresce e descobre: "mas eu gosto é de mulher!" E aí? No RG vai constar: gay. Vai ter que fazer uma cirurgia de mudança de sexo, de gay para homem?

E, argumentando ser algo inerente à personalidade, não querem que se fale nada contra eles. Como foi dito acima, "qualquer tipo de ação vexatória". Piada de bêbado, português, padre, loira, japonês... tudo pode! Menos piada de gay, pois aí é assunto sacro para o estado. O ridículo dessa situação parece patente, mas muitas pessoas agem de forma que preciso sempre explicitar esse ponto de vista. E nem sempre funciona. Bem, enquanto for permitido falar, falaremos. Se for proibido, apenas pensaremos. Tomara que não inventem alguma espécie de controle neurológico, pois seria aplicado com certeza no Brasil.

Um comentário:

  1. Um artigo interessante relacionado:
    http://veradextra.blogspot.com/2010/10/onu-legaliza-pornografia-infantil-e.html

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